A Igreja e a Perseguição Religiosa

Os líbios são um dos grupos menos alcançados pelo evangelho. A maior parte dos líbios da etnia árabe não sabe em que os cristãos realmente creem. Por causa de suas fortes raízes muçulmanas, não considerariam a mensagem do evangelho como algo dirigido a eles.
*A seita donatista: assim como o Novacionismo, fundado pelo Antipapa Novaciano no século III,[2] os donatistas eram rigorosos e sustentavam que a Igreja não devia perdoar e admitir pecadores, e que os sacramentos, como o batismo, administrados pelos traditores (cristãos que negaram sua fé durante a perseguição de Diocleciano em 303-305 e posteriormente foram perdoados e readmitidos na Igreja), eram inválidos[1]. O Cisma Donatista foi uma divisão que ocorreu na igreja de Cartago devido a questões de sucessão em seu bispado. Aqueles que eram contrários à eleição de Ceciliano ao bispado de Cartago escolheram Donato de Casa Nigra como seu novo bispo, o que gerou um cisma na Igreja.
A Perseguição
A perseguição enfrentada pela igreja líbia não é fruto da modernidade ou pós-modernidade, sempre fez parte de sua história. De acordo com Atos 11.19-20, devido à forte perseguição que enfrentavam, os cristãos cireneus foram dispersos, levando o evangelho a Antioquia e aos gregos.
Atualmente nenhuma forma de evangelismo ou trabalho missionário é permitida. Apenas os estrangeiros podem se reunir, contudo são monitorados. Assim, os líbios não participam desses cultos por medo de ser vigiados, delatados, presos e até mesmo assassinados.
Ainda que a Líbia seja um Estado laico, seus líderes prestam grande respeito ao islamismo, conferindo-lhe papel ideológico na sociedade. O governo exige respeito às normas e tradições muçulmanas e a submissão de todas as leis à sharia (lei islâmica).
O governo proíbe a conversão de muçulmanos e, por isso, a atividade missionária. Ele também exige que todos os cidadãos sejam muçulmanos sunitas “por definição”. Há organizações secretas e redes de espiões que monitoram possíveis rebeldes e também os estrangeiros. Essa situação faz com que seja praticamente impossível evangelizar na Líbia. As pessoas raramente são perturbadas por causa de suas práticas religiosas, a menos que tais práticas sejam percebidas como tendo dimensão ou motivação política. O governo controla e restringe toda atividade política, monitorando também a literatura religiosa, inclusive a islâmica, publicada ou importada ao país.
A importação das Sagradas Escrituras em árabe ainda é estritamente controlada. É proibido evangelizar muçulmanos. Os muçulmanos que se convertem são sujeitos à pressão e ostracismo social. Muitos deles consideram a possibilidade de abandonar sua pátria. Em fevereiro de 2006, uma igreja e um convento católicos da cidade de Benghazi foram roubados e incendiados. O bispo e as freiras ficaram em Trípoli durante algumas semanas, até que os prédios fossem restaurados.
Resta saber se, após a queda do regime de Muamar Kadafi, os cristãos líbios terão ou não mais liberdade de cultuar a Deus e compartilhar de sua fé com outros líbios. O líder dos rebeldes líbios, Mustafa Jalil, disse em seu primeiro discurso para o povo líbio, após a queda do ditador Kadafi, que “a sharia (lei islâmica) deve ser a orientadora e principal base da legislação da Líbia de agora em diante”. Tal posicionamento demonstra que a situação dos cristãos pode não mudar em nada ou piorar.
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